Uma designer encontra o Kung Fu
Como uma designer como eu foi praticar Kung Fu? Estava para completar 60 anos e uma arte marcial não fazia parte dos meus planos. Esta é a História da Kung Fu Lady e de sua jornada.
Na época eu era sócia e dirigia um grande escritório de design no Rio de Janeiro. Depois de mais de 30 anos de intenso trabalho me considerava uma profissional realizada na minha área de atuação. Enfim, havia concretizado meu sonhos.
No entanto, o sucesso que provava, não impediu que nos últimos anos começasse a me questionar sobre a responsabilidade e o papel social do designer num cenário de consumo desenfreado e desequilíbrio ecológico. Comecei a sentir uma insatisfação crescente cuja causa, muitas vezes não conseguia identificar completamente.
O mundo estava mudando rapidamente e algo também se transformava dentro de mim. Como consultora de empresas eu sabia que este era um sinal que indicava a chegada de um fim de ciclo.
Era necessário renovar o meu propósito para poder seguir em frente.
Sabia também que as decisões a serem tomadas não seriam fáceis, demandariam tempo, perseverança e deveriam seguir uma estratégia. Seria preciso muita coragem para abrir mão da segurança do conhecido e da imagem que durante tantos anos havia construído.
Neste relatos irei compartilhar com vocês como o Kung Fu mudou a minha vida de maneira inesperada e profunda e mostrar como esta tradicional arte marcial chinesa tem pontos de contato com o design, com a criatividade, desenvolvimento humano e estratégia na gestão empresarial.
Esse é o começo de minha jornada como artista marcial e a história de um encontro improvável.
Um encontro improvável ?
O Ving Tsun Kung Fu entrou em minha vida exatamente neste momento de crise pessoal e profissional onde eu sabia que tinha que mudar mas não tinha ainda noção de como seria o caminho para a transformação.
Inês Braconnot , querida amiga e praticante de Kung Fu, me falou do Ving Tsun e de sua filosofia. Ela me esclareceu que o Kung Fu era mais que uma luta e que poderia me ajudar a tomar as decisões necessárias neste momento de minha vida.
Meu conhecimento sobre Kung Fu era limitado aos filmes de Bruce Lee e ao Seriado de TV Kung Fu com o ator David Carradine. Esta série contava a saga de um monge do mosteiro Shaolin ( China ) que viaja pelo Velho Oeste americano à procura de seu irmão, armado apenas com seu treinamento espiritual e sua habilidade em artes marciais. Eu adorava as conversas entre o velho Mestre de Kung Fu e o menino apelidado de Gafanhoto.
Com base nestas poucas referências e na confiança em minha amiga, resolvi visitar o Núcleo da Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence em Copacabana.
Recebeu-me, de forma acolhedora, uma jovem mulher - Mestre Senior Ursula Lima - que me perguntou sobre meu interesse no Kung Fu.
Fui direta ao ponto: quase chegando aos 60 anos eu nunca havia praticado artes marciais. Apesar de estar bem fisicamente, não tinha muita certeza se seria capaz de enfrentar uma prática física e mental que me colocasse fora de minha zona de conforto e me fizesse enfrentar meus medos.
Por outro lado, como tantas mulheres da minha geração eu temia o confronto físico, a agressividade da luta. Sabia que tinha vários bloqueios resultantes de uma educação machista que definia padrões de comportamento feminino e certamente não conhecia completamente minha força.
Assim confessei à Mestre Ursula que praticar Kung Fu significava para mim um grande desafio. Acrescentei que a parte boa era que eu adorava ser desafiada...
E ela então me disse : “ Isso é bom! Vamos devagar , passo a passo. Você vai conseguir...”
Assim relatou
Angela Carvalho “Moy On Gaak Lai” ,
Quarta Discípula de Mestra Sênior Ursula Lima ‘Moy Lin Mah’ e membro do Conselho de Discípulos da Família Moy Lin Mah juntamente com Rodolpho Alcântara, André Villarreal, Helena Carneiro, Fernanda Lima, Heitor Furtado, Vítor Barros e Marcus Souza.
Saiba mais sobre a Família Moy Lin Mah:
Unidade Copacabana, Brasil
Unidade Cascais, Portugal
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